Nesta terça-feira, 9, foi anunciada a venda da SAF do Coritiba para a gestora paulista de investimento em empresas, Treecorp. Trata-se de um acordo em que 90% do capital do clube-empresa será cedido, marcando assim o primeiro investimento de um fundo de private equity brasileiro em SAF.
Investimentos e dívidas
O investimento será feito nos próximos 10 anos no valor de R$1,3 bilhão, dividido da seguinte maneira:
- Quitação total do endividamento do clube no valor de R$270 milhões.
- Construção de um novo CT orçado em R$100 milhões.
- Construção do “novo Couto Pereira” com orçamento de R$500 milhões.
- Investimento de R$450 milhões na operação de futebol.
O valor se destaca em comparação a outros times, como por exemplo, o Botafogo que vendeu a John Textor a mesma porcentagem por R$400 milhões.
Mas, ao contrário de outros clubes, o Coritiba priorizou o pagamento da dívida da associação civil antes de negociar com investidores. O clube já finalizou seu processo de recuperação judicial, que resultou em descontos para credores e na extensão do prazo para pagamento da dívida por mais 12 anos. Confira a nota oficial do Coritiba:
“O Plano de Recuperação Judicial, aprovado hoje pela Assembleia Geral de Credores, foi mais um importante passo do amplo projeto de reestruturação do Coritiba Foot Ball Club que, somado à constituição da SAF, coloca o clube em condições de se equilibrar economicamente. A aprovação do plano é resultado de um grande esforço feito pelo clube e pelos credores. O desafio agora é implementar o Plano na maior brevidade possível para que o Coritiba tenha ainda mais força na retomada do seu importante papel no futebol brasileiro”.
Além disso, o Coritiba estabeleceu garantias mínimas em contrato para incentivar a competitividade da Treecorp após a criação da SAF. Nesse sentido, a empresa deverá gastar anualmente um mínimo de R$ 120 milhões ou 50% da receita em “investimento em futebol”, que inclui folha salarial e contratações. Não há punição contratual por não atingir metas esportivas, mas o orçamento mínimo pode ser reduzido em caso de rebaixamento para divisões inferiores.
Estádio
O estádio permanecerá sob propriedade da associação civil do Coritiba, que, por sua vez, concederá à SAF um contrato de cessão por 50 anos, podendo ser renovado por mais 50. A investidora terá até 7 anos para iniciar as obras e, no máximo, 10 anos para concluí-las. No entanto, caso o projeto não se concretize, existem cláusulas contratuais que preveem penalidades, como a proibição dos investidores em receber dividendos (participação nos lucros da empresa).
Governança
O clube implementará a seguinte estrutura governamental:
- Treecorp: Criará uma empresa chamada Coxa S/A, que comprará 90% da Coritiba SAF, com os 10% restantes permanecendo sob posse da associação civil. Essa estrutura dará aos investidores o controle sobre o futebol, permitindo que tomem todas as decisões em relação à gestão do clube-empresa, desde a contratação de profissionais e a elaboração do planejamento estratégico até questões do dia-a-dia, como a contratação de técnicos e jogadores.
- Associação civil: como acionista minoritária, manterá a responsabilidade de fiscalizar a administração dos novos proprietários por meio da governança, além de ter poder de veto em questões relacionadas à tradição do clube.
- Conselho de Administração: composto por até dez membros, sendo que a associação civil poderá indicar um nome.
- Conselho Fiscal: cinco membros, incluindo um nomeado pela associação civil.
Conclusão
A SAF do Coritiba trouxe algumas mudanças em comparação às outras negociações. Mas a principal é a recuperação judicial tendo sido iniciada antes do processo de SAF, dessa forma o clube mostra que a SAF é muito mais que uma forma de “fugir” das dívidas. Esse foi considerado para o Coxa como o “próximo passo de sua revolução”.
Uma gestão eficiente dos times de futebol é o primeiro passo para o avanço em outras áreas como infraestrutura, desenvolvimento de talentos, contratações, entre outros.
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